quinta-feira, 3 de julho de 2008

Rainha Nada


Onde está a tua coroa, Rainha Nada?
Tu que pensaste edificar castelos,
Que tomaste como garantido o céu,
Que subestimaste o poder dos deuses?

Onde deixaste a tua coroa, Rainha Nada?
Perseguiste e torturaste.
Espalhaste o luto,
Reduziste-me a cinza,
Voei com o vento.

Quem te deu a coroa, Rainha Nada?
De onde veio todo o poder que julgas possuir?
Do infortúnio daqueles que consideras mais fracos?
Das loucuras que cometeste para teres um trono?

Que poder é esse, Rainha Nada?
Será isso que realmente deténs? Poder?
Olha a tua volta!
Que vês?
O amor que tão incessantemente cobiçaste?

Terás coração, Rainha Nada?
Ou tudo o que te reveste são espinhos?
Deliciaste com o acre prazer da maldade,
Tornas negros mesmo os dias mais vazios,
Espalhas o fel da iniquidade.

Em que espelho deixaste perdida a tua face, Rainha Nada?
Pensas que possuis o mundo?
Que conquistaste o teu lugar na Terra?
Que conseguiste destruir-me?

Tudo o que fizeste foi apenas ligeiros cortes.
Voltei inteira.

Fortaleceste-me,
Ensinaste-me que a queda não é o destino dos fracos,
Mas a triunfo dos guerreiros.

Ainda pensas que é poder aquilo que possuis?
Não te reduziste a ti própria ao vazio?
Onde está realmente a tua coroa?

Concedeste a ti própria um poder superior,
Poder esse que julgavas existir.
Vês agora que o teu esforço foi em vão?
Que as pessoas que nos amam incondicionalmente não desistem de nós,
Mesmo que lhes ofereçam todas as magnificências do mundo?

Grande é aquele que cai e que, no momento seguinte, se levanta,
Aquele que ergue a cabeça, mesmo que tudo o faça olhar para baixo.
Grandioso é aquele que supera qualquer adversidade,
Que se agarra às recordações felizes para continuar o seu caminho,
Que luta pelas suas utopias,
Que ambiciona quimeras,
Que aspira a um ideal que é superior apenas porque é movido pela força do coração.

Rainha Nada!
Carregas um mar de dúvidas,
Mergulhas no vazio da incerteza
E morrerás sabendo que tudo o que conseguiste foi a cinza dos teus pecados.

Não é uma coroa que possuis!
Mas sim o peso da cruz que tu própria erigiste.